terça-feira, 22 de abril de 2014

pensatas

O homem

"O homem, por seu egoísmo tão pouco clarividente em relação a seus próprios interesses, por sua inclinação a explorar tudo o que está à sua disposição, em suma, por sua incúria por seu porvir e pelo de seus semelhantes, parece trabalhar para o aniquilamento de seus meios de conservação e a destruição de sua própria espécie. Destruindo por toda a parte os grandes vegetais que protegiam o solo para obter objetos que satisfazem sua avidez momentânea, ele conduz rapidamente à esterilidade o solo que ele habita, causa o esvaziamento dos mananciais, afasta os animais que neles encontravam sua subsistência e faz com que grandes partes do globo, outrora férteis e povoadas em todos os sentidos, tornem-se agora nuas, estéreis, inabitáveis e desertas. Dir-se-ia que o homem está destinado a exterminar a si próprio, após tornar o globo inabitável" (Jean-Baptiste Lamarck 1744 - 1829).

O mundo

"El mundo que queremos es uno donde quepan muchos mundos. La pátria que construimos es una donde quepan todos los pueblos y sus lenguas, que todos los pasos la caminen, que todos la rían, que la amanezcan todos."- Subcomandante Marcos .

O fora do estado capitalista

"É preciso dizer que o Estado sempre existiu, e muito perfeito, muito formado. Quanto mais os arqueólogos fazem descobertas, mais descobrem impérios. A hipótese do Urstaat parece verificada, "o Estado enquanto tal remonta já aos tempos mais remotos da humanidade". Mal conseguimos imaginar sociedades primitivas que não tenham tido contato com Estados imperiais, na periferia ou em zonas mal controladas. Porém, o mais importante é a hipótese inversa: que o Estado ele mesmo sempre esteve em relação com um fora, e não é pensável independentemente dessa relação. A lei do Estado não é a do Tudo ou Nada (sociedades com Estado ou sociedades contra o Estado), mas a do interior e do exterior. O Estado é a soberania. No entanto, a soberania só reina sobre aquilo que ela é capaz de interiorizar, de apropriar-se localmente. Não apenas não há Estado universal, mas o fora dos Estados não se deixa reduzir à "política externa", isto é, a um conjunto de relações entre Estados. O fora aparece simultaneamente em duas direções: grandes máquinas mundiais, ramificadas sobre todo o ecúmeno num momento dado, e que gozam de uma ampla autonomia com relação aos Estados (por exemplo, organizações comerciais do tipo "grandes companhias", ou então complexos industriais, ou mesmo formações religiosas como o cristianismo, o islamismo, certos movimentos de profetismo ou de messianismo, etc); mas também mecanismos locais de bandos, margens, minorias, que continuam a afirmar os direitos de sociedades segmentárias contra os órgãos de poder de Estado" (Mil Platôs, vol. 5, p. 22-23)

"(...) não queremos dizer que a TAZ é um fim em si mesmo, substituindo todas as outras formas de organização, táticas e objetivos. Nós a recomendamos porque ela pode fornecer a qualidade do enlevamento associado ao levante sem necessariamente levar à violência e ao martírio. A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a Simulação, e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo, "ocupar" clandestinamente essas áreas e realizar seus propósitos festivos. Talvez algumas pequenas TAZs tenham durado por gerações - como alguns enclaves rurais - porque passaram desapercebidas, porque nunca se relacionaram com o Espetáculo, porque nunca emergiram para fora daquela vida real que é invisível para os agentes da Simulação" (BEY, Hakim, TAZ).

Educação

"Creio que o futuro promissor dependerá de nossa deliberada escolha de uma vida de ação em vez de uma vida de consumo; de nossa capacidade de engendrar um estilo de vida que nos capacitará a sermos espontâneos, independentes, ainda que interrelacionados, em vez de mantermos um estilo de vida que é simplesmente uma pequena estação no caminho para o esgotamento e a poluição do meio ambiente. O futuro depende mais da nossa escolha de instituições que incentivem uma vida de ação do que do nosso desenvolvimento de novas ideologias e tecnologias. Precisamos de um conjunto de critérios que nos permitirá reconhecer aquelas instituições que favorecem o crescimento pessoal em vez de simples acréscimos. Precisamos também ter a vontade de investir nossos recursos tecnológicos de preferência nessas instituições promotoras do crescimento pessoal" [ILLICH, Ivan. Sociedade sem escolas. Petrópolis, Vozes, 1973]

Organização


"(...) generalização radical de formas de cooperação e de apoio mútuo, fundadas na diversidade e na diferença. A sensibilidade ecológica propõe uma perspectiva que em última instância é também, paralelamente, uma explicação. Daí que o significado ético de uma tal atitude não seja apenas latente, mas, pelo contrário, esteja desde sempre latente”. (Bookchin)

Revitalização do Solo



“Ninguém pretende tirar leite de vaca morta, mas muitos pretendem tirar safras duma terra morta. A infertilidade se atribui a tudo, menos à realidade de a terra estar morta, sua estrutura decaída e sua vida acabada. Poucos ainda consideram que somente a revitalização do solo, que se conhece sob a palavra “recuperação”, é capaz de trazer de volta a fertilidade perdida”. (Ana Primavesi)

Teses

Se os detentores do capital capturam, controlam e hierarquizam as relações sociais de produção para obter mais valia mediante a exploração do outro, o fim da organização capitalista da sociedade é necessária para que outras relações sejam possíveis.

O fim de algo pode ser a afirmação de outra coisa.

Desistimos de uma bolsa do Estado e de um salário da fábrica.

Desistimos do reconhecimento dos pares.

Afirmaremos nossa própria produção e construiremos redes com os que fizerem os mesmos.

"Produção de produção" é o quanto nos basta.

No canteiro do lattes haverá uma plantação orgânica de tomates & ... & .... &